O transplante capilar tornou-se uma das cirurgias estéticas mais procuradas nos últimos anos, especialmente entre homens que sofrem com a calvície e mulheres com rarefação capilar. O avanço das técnicas, como a FUE (Extração de Unidades Foliculares) e a FUT (Transplante de Tira), trouxe resultados cada vez mais naturais. No entanto, em alguns casos, o paciente pode precisar de um segundo transplante capilar — e entender o motivo disso é fundamental para manter expectativas realistas e resultados duradouros.
De acordo com a médica tricologista Rebecca Atman, membro da Sociedade Brasileira do Cabelo (SBC), a necessidade de repetir o procedimento pode ter diversas causas. “Nem sempre um único transplante é suficiente. Isso depende da área calva, da densidade de fios desejada, da qualidade da área doadora e até da evolução da alopecia ao longo do tempo”, explica.
A especialista destaca que a calvície é uma condição progressiva, especialmente nos casos de alopecia androgenética, o tipo mais comum de perda de cabelo. “Mesmo após o transplante, o processo de miniaturização dos fios naturais pode continuar, uma vez que a doença não é curada pela cirurgia. Por isso, é comum que, após alguns anos, o paciente precise de um segundo procedimento para preencher novas áreas que ficaram rarefeitas”, afirma Rebecca Atman.
Outro motivo para o segundo transplante está relacionado à densidade estética. Em alguns casos, o primeiro transplante cobre a região calva, mas o paciente pode desejar mais volume. “Às vezes, o primeiro resultado é satisfatório, mas o paciente sonha com um cabelo mais cheio. Desde que haja área doadora suficiente e as condições clínicas sejam favoráveis, é possível realizar um novo transplante para melhorar a densidade”, comenta.
A tricologista ressalta que o intervalo entre o primeiro e o segundo transplante deve ser cuidadosamente avaliado. “O ideal é aguardar entre seis e doze meses, tempo necessário para observar o crescimento total dos fios e avaliar o resultado final. Só então decidimos se há real necessidade de um novo procedimento”, pontua.
Rebecca Atman alerta que a repetição precoce ou desnecessária do transplante pode comprometer a área doadora e prejudicar o resultado. “A área doadora, geralmente na região posterior da cabeça, tem uma quantidade limitada de fios. Se o cirurgião retira enxertos em excesso, pode gerar falhas nessa região e deixar cicatrizes visíveis. Por isso, é essencial que a indicação seja feita por um especialista experiente”, reforça.
Além disso, a médica explica que o sucesso de qualquer transplante depende não apenas da técnica cirúrgica, mas também dos cuidados no pré e pós-operatório. “O couro cabeludo deve estar saudável, livre de dermatites, infecções ou inflamações. O paciente também precisa seguir rigorosamente as orientações médicas após o procedimento, evitando trauma local e exposição solar precoce. Esses cuidados fazem toda diferença no resultado final”, enfatiza.
Ela lembra ainda que o transplante capilar deve ser parte de um tratamento contínuo contra a calvície, e não a única estratégia. “É fundamental manter o acompanhamento clínico e o uso de medicamentos que controlam a queda, como finasterida, dutasterida e/ou minoxidil, conforme prescrição médica. Eles ajudam a preservar os fios nativos e evitar que novas áreas fiquem rarefeitas, reduzindo a necessidade de um novo transplante”, explica.
Por fim, a especialista reforça que o segundo transplante pode ser uma excelente alternativa quando bem indicado. “O mais importante é alinhar expectativas e entender que o transplante capilar é um processo de longo prazo. O paciente deve buscar um profissional qualificado, que avalie cada caso de forma personalizada e priorize a saúde capilar acima da estética imediata”, conclui Rebecca Atman.