
Fotos: Juliana Portella
Na última sexta-feira, 30 de maio, o maior encontro de criatividade da América Latina, o Rio2C, sediou a inspiradora mesa “Sustentabilidade e a Arte do Cuidado” , reunindo nomes que transformaram o cenário da educação, cultura e impacto social a partir de uma perspectiva profunda: o cuidado como prática regenerativa.
O painel conta com a participação de Rodrigo Abreu , mestre em Educação pela Unesp, arte-educador, performer e sócio da Casa Ojô , empresa pioneira no conceito de cuidadoria no audiovisual — uma abordagem que integra afeto, escuta ativa e regeneração no fazer artístico e educativo. Sua atuação evidencia que produzir cultura também é um ato de cuidado coletivo e territorial.

Palestrando com ele, Viviane Duarte , CEO do Plano Feminino e presidente do Instituto Plano de Menina, trouxe à tona o poder transformador das narrativas e da equidade de gênero. Autor do livro “Quem é você na fila do pão?” , Viviane participou como sua trajetória de comunicação, liderança e impacto social, sempre com foco em promover oportunidades para meninas e mulheres em contextos vulneráveis.
A conversa foi mediada por Joana Figueira de Mello , pedagoga e fundadora do movimento ParaTodos. Joana guiou o diálogo em torno da ideia central de que “na natureza, nada sobrevive isoladamente” — e que a sustentabilidade nasce da cooperação e do vínculo genuíno entre pessoas, territórios e propósitos.
Durante o encontro, os convidados falaram não apenas sobre seus projetos, mas sobre como esses trabalhos impactaram suas próprias vidas. Rodrigo destacou como a cuidadoria tem transformado relações no audiovisual e propôs novas formas de produção com mais ética, inclusão e presença. Viviane reforçou que cuidar das meninas de hoje é construir como líderes do amanhã — e que a comunicação, quando feita com consciência, pode ser uma poderosa ferramenta de mudança.

Durante o painel, Rodrigo Abreu destacou sua trajetória de 15 anos como arte-educador no terceiro setor, com passagens por instituições como o Instituto Criar, em São Paulo. Carioca do subúrbio do Méier, ele refletiu sobre sua experiência e sobre a pesquisa que desenvolve em seu livro e no mestrado, voltada à construção de pedagogias contemporâneas que dialogam com a realidade social brasileira.
Rodrigo criticou a forma como o mercado trata a diversidade e a inclusão como uma “onda” passageira, especialmente após movimentos reacionários globais como a eleição de Donald Trump. Em resposta a isso, ele se dedica ao estudo de práticas educativas que emergem das encruzilhadas culturais — como as pedagogias negras, travestis e originárias —, que reconhecem a diversidade como um elemento estruturante do Brasil, e não um desafio a ser contornado.
A mesa “Sustentabilidade e a Arte do Cuidado” foi um convite à reflexão e à ação: para transformar o mundo, é preciso começar pelo olhar atento ao outro. Porque cuidar não é um ato isolado, mas uma prática coletiva e vital para garantir um futuro equilibrado e possível para todos